A manipulação dos padrões em têxteis pode influenciar a disposição das pessoas, funcionando como uma espécie de medicamento visual e, no futuro, como uma possível alternativa aos antidepressivos.
George Stylios, professor de investigação sénior na Universidade Heriot-Watt, no Reino Unido, juntamente com a estudante Meixuan Chen, realizou um estudo onde examinaram as reações emocionais dos participantes a diversos padrões para determinar se podem ser manipulados para alterar a disposição.
Como parte do estudo, os investigadores desenharam e produziram, a partir de um fio compósito electrocrómico criado para o efeito, quatro malhas inteligentes – psicotêxteis – que podem mudar entre dois tipos de padrões numa escala graduada.
De acordo com os resultados, diferentes padrões geram atividade em diferentes partes do cérebro dos participantes que estão ligadas a certas respostas emocionais, o que significa que, ao mudar de padrões, os participantes podem mudar de uma emoção para outra.
«Ao usar um tecido inteligente, significa que alguém pode escolher um padrão para conseguir uma emoção em particular – roupas que nos animam ou acalmam, por exemplo, ou papel de parede que pode ser manipulado para criar uma atmosfera festiva. Pode ser programado para responder ao clima, à altura do dia ou ano», explica George Stylios, num artigo publicado no site The Conversation. «Pode ser uma espécie de medicamento visual que se torna numa alternativa aos antidepressivos. De igual forma pode transformar a produção e engenharia de produtos e o ensino de artes e design. No futuro, podemos estar a falar de psicoarte, psicointeriores, psicomateriais e psicoarquitetura, só para mencionar alguns», acrescenta.
O professor refere ainda que «embora a maior parte de nós sinta dor quando é picado por uma agulha ou sinta o ácido quando chupa um limão, os cientistas sabem menos sobre como somos afetados pelo que vemos. Isto porque ver é uma atividade muito mais complexa. Envolve forma, dimensão e cor num contexto tridimensional com múltiplas associações de objetos que estão a mudar com o tempo». Segundo Stylios, a perspetiva existente sobre cores e formas resulta essencialmente de neurocientistas que procuram formas de tratar as pessoas com problemas psiquiátricos, como depressão e esquizofrenia. No entanto, aponta, esta «tende a ser limitada e não prática para ser usada na vida quotidiana – que é o que queremos atingir».
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