«O que é que aranhas e Moda têm em comum?» Tudo.
Quem aguardava o início da conferência de David Breslauer na Web Summit estava, no mínimo, curioso. A resposta à questão sobre o que une as aranhas à Moda chegou passados alguns minutos: a seda de aranha e as suas múltiplas potencialidades, entre elas a aplicação na manufatura têxtil.
O bioengenheiro, que, como ele próprio sumaria, limita-se a «estudar a natureza e tentar copiá-la», apontou a seda de aranha como o derradeiro material das roupas do futuro.
«É mais forte que o aço e mais elástico que o elastano», diz Breslauer. Além disso, «é biodegradável, hipoalergénico e antibacteriano».
«As aranhas produzem seis tipos de seda, de seis tipos de glândulas no seu corpo pequeno», explica. «É provavelmente o material, falando em fibras, mais duro, forte e elástico que conhecemos».
Não desconfiávamos da força – afinal, o Homem-Aranha desloca-se através dela – mas as potencialidades da seda de aranha são, para grande parte da população, uma novidade, ainda que há muitos anos que vários cientistas estejam a tentar chegar à reprodução do material tecnologicamente. «A biologia, na minha opinião, é provavelmente a tecnologia mais poderosa no planeta», diz o bioengenheiro.
Versões artificiais ainda estão longe do original
Ao contrário do bicho-da-seda, não é possível usar aranhas para produzir esta seda natural a um nível industrial, pelas suas características territorialistas e canibais. A solução é fazê-lo artificialmente. A corrida entre empresas de pesquisa, de desenvolvimento bioquímico e universidades é, por isso, intensa – todas querem chegar lá primeiro.
No início deste ano, um grupo de cientistas conseguiu produzir um fio de seda artificial mais forte do que os produzidos em laboratório até então. O método, apresentado num artigo da revista Nature Chemical Biology, consiste, avança o jornal Público, na criação de um «dispositivo de fiação que imita o percurso das proteínas da seda na aranha e que envolve, por exemplo, alterações nos níveis de pH». Em resposta à publicação portuguesa, a investigadora Anna Rising, uma das autoras do artigo, admite que «os resultados ainda estão longe do pretendido e que o objectivo é produzir fibras que igualem a força natural».
in ELLE